quinta-feira, 30 de outubro de 2008

highest ground

Imagine se vc conseguisse chegar no termo que faz toda a sua campanha chegar num ponto tão alto, em termos de conceito, que tudo fica tão bem amarrado e fazendo tanto sentido, que vender o produto é um mero detalhe.

Mas como assim?

Vc já deve ter ouvido sobre share of business, share of people, share of whatever. Estes "shares" ajudavam as pessoas a vender produtos pra determinadas nichos de empresas, determinadas faixas etarias, raciais ou gêneros e a vender pra seja lá quem vc quisesse, mas quase sempre sendo muito voltado pra determinado share.

Agora foi criado/descoberto um novo share, o share of culture. Vc se apropria de uma cultura e abranje uma caceta de pessoas ao mesmo tempo sem elas perceberem, inclusive pra vc que tomou uma coca-cola na última semana.

wft?

A coca-cola foi uma das primeiras, senão a primeira, a usar esse novo conceito com a campanha "viva o lado coca-cola da vida".

Eles chegaram com a seguinte conversa em vc:

- po, o mundo ta essa merda, as calotas polares derretendo, fome pra todo lado, focas banhadas por petroleo, mico leao dourado qse extinto... =\
- é mesmo, ta tudo uma merda =\
- mas eu acho que o mundo pode ser um lugar melhor =)
- é, eu tbm acho =)
- viu só? estamos do mesmo lado. nós acreditamos nisso. seja meu amigo =D

Então com essa conversa, que a primeira vista parece small talk, eles te venderam o otimismo, que é o Highest Ground dessa campanha da coca-cola. Eles te vendem que a coca-cola, assim como vc, ta desanimada com o mundo, mas que acredita que tudo pode ser melhor, assim como vc acredita. Venderam coca-cola pra toda a humanidade, ja q ta todo mundo triste com a situação atual das coisas, em qualquer nivel.

Então viva o Otimismo!! \o/
Venha para o lado coca-cola da vida.

Mas perceba que a palavra "otimismo" não aparece em nenhum momento da campanha.

Pra vc que ainda não entendeu muito bem, vamos pra um outro exemplo, ganhador do prêmio Titanium de Cannes em 2007.

Se vc tem algum contato com o mundo dos video-games e jogos de computador, já deve ter ouvido falar de um jogo chamado Halo.

O jogo em si é simples: é um fps (first person shoter), com o plot basico de mire e atire em alienígenas descontrolados, de coronhadas na nuca de pessoas malucas e coisas do dia a dia de um comandante de guerra estelar.

Até aí, nenhuma novidade.

O game que eles iam vender nessa campanha já era o terceiro da série, ou seja, acho que já estava tudo meio batido e chato.

Com isso em mente, eles estavam com medo de que as vendas não fossem tao bem, apesar da legião de fãs que se compara a Trakers e Jedis em termos de loucura na cabeça.

A proposta, então, era fazer com que pessoas que nunca haviam jogado os 2 títulos anteriores, sentissem um desejo incontrolável em jogar este, que nem aquele desejo incontrolável que vc tem de comer um docinho depois do almoço.

Má cuma?

Antes de continuar, um pequeno parenteses: Aqui no Brasil, a industria de jogos eletronicos (nao aquela de caça niquel que tem na padaria do lado da sua casa) está engatinhando, mas nos Estados Unidos, a industria de games já passou a industria do cinema em montante de dinheiro, então as áreas de marketing e planejamento tem um orçamento fucking huge e como se isso nao bastasse, o jogo é da Microsoft.

Depois de algumas semanas pensando em como abordar essas pessoas, a agência chegou no Highest Ground "Believe". A idéia era fazer com que pessoas comuns acreditassem que a guerra estelar a qual o jogo aborda, realmente houvesse existido.

Como?

Construindo museus, fazendo monumentos em memoria dos soldados mortos, fazendo um mega documentario com dados e depoimentos de soldados que participaram dessa guerra falando em quão fodão era o comandante deles (o seu papel dentro do jogo), dentre muitas outras coisas nesse sentido.

Agora vc deve ter entendido o meu parenteses alí em cima: imagina a grana que os caras gastaram pra fazer essa coisa toda, construir museu, maquetes imensas, monumentos, milhares de atores velhinhos dando depoimentos sobre uma guerra que nunca existiu e etc.

E deu certo essa viagem?

PORRA se deu, o lançamento desse jogo foi nada mais nada menos que o maior lançamento de entretenimento da historia. E mercado de entretenimento engloba cinema, musica, literatura e outras coisas. Não teve último livro do harry potter, piratas do caribe, star wars, titanic nem nada que tivesse dado tanto lucro no seu dia de estréia como esse jogo. Cara, isso é foda demais.

Se inspirando um pouco nesses casos, já apareceram algumas campanhas brasileiras que começam a usar esse conceito, como a Dove com a campanha da "Beleza Real".

Depois de digerir tudo isso, daqui alguns dias ou semanas, talvez vc consiga pensar nas coisas que vc faz no dia a dia, usando um pouco desse conceito e chegando em lugares super bacanas no mundo de idéias.

sábado, 25 de outubro de 2008

sozinho

sao paulo, terra das coisas pra fazer.
eh o caralho
terra de trabalhar
diversao aqui, pra mim, eh lenda.
nao conheço ninguem, nao tenho amigos, nao tenho dinheiro
aih soh sobra ficar aqui, bebendo, trabalhando, vendo filme.
a essa hora em jundiai eu estaria na casa de algum amigo ou programando oq fazer a noite.
aqui eu to trabalhando desde as 10 da manha, em pleno sabado, sem perspectiva pra noite, a nao ser trabalhar mais ou na melhor das hipoteses jogar.
sempre fico com essa ideia na cabeça, de que sozinho eu sou mais feliz e tenho mais liberdade, mas ja percebi que nao sou bem assim, apesar de querer ser.
sinto uma falta foda dos meus amigos e familia.
aih eu fico aqui, baixando podcasts pra ouvir a voz de alguem, mesmo que eu nao conheça.